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Lascas

Lascas é um desdobramento da coleta de cascas caídas em torno de um bambuzal. Recolhi várias delas e armazenei por meses no atelier. Um dia resolvi colocá-las sobre meu corpo e percebi que foram feitas para mim sob medida, como um corpete. Na época estava pesquisando sobre outro inseto: a barata. Havia o desejo de vivenciar o exorcismo de uma memória de infância. Minha mãe me visita no atelier e me indica a leitura de A paixão segundo GH da Clarice Lispector, na qual, a personagem principal, após uma descrição dolorosa de separação, degusta o corpo de uma barata, a última reminiscente do seu antigo estado de casada.  Estavam reunidos os elementos que compõem Lascas. Assim como o corpo de uma barata é composto de sucessivas camadas, o bamuzal cresce soltando suas cascas. Construí em resina corpos de baratas com ovários e úteros representados por sementes que foram colocadas sobre as cascas de bambú com poesias de escritoras brasileiras inscritas em nanquim. Foram 7 objetos no total acompanhados por um banner resultante da fotografia de meu corpo fundido ao de uma barata. A periplaneta americana, nome científico da barata, tornou-se uma amiga. 

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